Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2006

Espelho(s)

“Porque é que as pessoas têm de saber isso?” – foi a interrogação que me colocaram, quando expressei a intenção de colocar este post.


Porque é que as pessoas têm de saber isto? Porque é que querem saber isto? (se é que querem…). Não sei! Provavelmente não querem nem necessitam de sabê-lo. Mas eu necessito de dizê-lo. Eu gosto de falar sobre tudo e sobre nada. Mas quase toda a gente está demasiado ocupada para ouvir falar sobre banalidades. Eu vou deixando os meus pedaços por aqui. Caso alguém queira juntá-los e ir construindo algo….


Bom, eu queria falar sobre imagens. Sobre o que vejo nos outros e encontro (ou não) em mim.


Inicialmente, queria dizer que não tenho paciência para me levantar uma hora mais cedo para esticar o meu cabelo; passar base na cara; pôr rímel nas pestanas; sombra nos olhos; gloss nos lábios; escolher a bijutaria adequada à ocasião, que condiga com os sapatos, a mala, os jeans, a camisola, a cor dos olhos, o estado do tempo, … Serei menos mulher por isso? Adoro vestir calças de fato de treino, sapatilhas … Serei normal? Tenho que pensar no que os outros pensam para eu pensar na minha forma de vestir?
A minha roupa traduz o que eu sou? Aparentemente sim. Para muitas pessoas sim. Para outras, felizmente, não.

Pode parecer que sou anti-moda, anti-look (essa grande banda das também grandes modelos – não resisti a recordar este bonito grupo musical) mas não é isso. Só não acho que deva determinar assim tanto quem somos. Sou sofisticada porque tenho uma botinha de bico? Sou bonita porque tenho um bolero curtinho? Sou in porque uso botas de cowboy? Sou desejável porque deixei de comer durante meses a fio ou porque vomito o que como?
Um parêntesis: há por aí raparigas fisicamente muito bonitas, muito bem vestidas e também muito bonitas por dentro! Não são muitas, mas existem. Por isso, o que eu critico não é que as pessoas se cuidem mas sim a ideia que nos vendem constantemente de que a mulher tem de estar sempre linda, maravilhosa, magra, super bem vestida (ou pouco vestida), de cabelo impecável, com uma pele sedosa, ou seja, sem qualquer imperfeição! A VIDA REAL não é assim! Toda a gente tem aquela borbulha chata (mesmo no dia em que não é, de todo, conveniente), toda a gente acorda desgrenhada. Ninguém precisa de estar sempre impecável. Isso não quer dizer que deixemos de cuidar de nós. Mas, invariavelmente, ligamos a TV e a menina do duche aparece … de corpo perfeito, sorriso intocável, a felicidade estampada no rosto. Na revista, aparece outra, sentada num qualquer lençol de cetim, com um ar luxurioso, …


Não sei. Acho que a MULHER deve ter cuidado consigo. Gostar de si. Mesmo que o seu corpo não corresponda ao modelo de beleza socialmente imposto. Mesmo se os homens não babam quando passa … Gostar de si. Por fora. Por dentro. Essencialmente por dentro.


Como bem disse Gabriel, o Pensador:


“Existem mulheres que são uma beleza
Mas quando abrem a boca … que tristeza
Não, não é o seu hábito que apodrece o ar
O problema é o que elas falam que não dá pra aguentar
Nada na cabeça, personalidade fraca
Tem a feminilidade e sensualidade de uma vaca
Produzidas pela roupinha da estação
Que viram no anúncio da televisão….”


Bom, agora vou talvez ler um livro, ouvir uma boa música, ver um bom filme. Vou talvez gozar estas breves réstias de sol. Não vou fazer uma máscara de esfoliação nem um super hiper tratamento hidratante para a pele. Paciência. Fica para a próxima!
posted by mrafiki às 15:58
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2006

Posturas ...

Acho cada vez mais o ser humano um animal fascinante.

Contraditório, utópico, hiper-realista ... Porque se nos convém somos assim, porque se não dá jeito somos completamente diferentes... Porque se a convicção nos ajudar agarramo-nos a ela com unhas e dentes, porque se for incómoda nem interessa assim tanto... Porque o dinheiro não chega para tirar fotocópias mas chega para grandes almoçaradas! Porque estamos demasiado cansados para sair com a amiga verdadeira que nos diz as coisas que não queríamos ouvir mas (pensando melhor) temos força para tomar café com um ou outro adulador!

Eu detesto este tipo de incoerência! Detesto que sejamos assim. Detesto detestar esta caracteristica e saber que, por vezes, a tenho.

No entanto, consola-me saber que sou incoerente em pequenas coisas e não nas que importam verdadeiramente. Não abdico da essência do ser. Abdico de pequenas coisas. Sou inconstante na força com que acredito nas coisas. Num dia acredito mesmo que sim, no outro não tenho tanta certeza.

Não quero dizer que nos devamos fechar à mudança. Mas a construção do ser implica alguma constância. Eu sou alguma coisa na medida em que a vou sendo. Não sou apenas hoje mas também amanhã e depois. Eu sou de determinada forma, uma vez que defendo alguns valores, convicções, .... se os mudar constantemente , será que eu SOU de alguma forma? de que forma sou?

Seremos? Que postura temos? Somos coerentes? Somos mesmo nós ou somos o que os outros esperam que sejamos, o que nos dizem que devemos ser?

As interrogações nunca têm uma resposta. Vou observando. Talvez consigo racionalizar sobre isto - e abandonar o SER, parti-lo em pedaços que vou espalhando por aqui.
posted by mrafiki às 19:11
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito
Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2006

A triplicar!!!

Geralmente não falo de religião. Não porque receie ferir susceptibilidades nem porque não tenha uma posição sobre tal assunto. Ter, tenho. Mas guardo-a para mim. Não porque não valha a pena partilhá-la… mas porque não desempenha um papel tão primordial na minha vida.

No entanto, depois de um fim-de-semana em que fui “obrigada” a assistir a triplicar à(s) cerimónia(s) de transladação da irmã Lúcia e das notícias em catadupa sobre as caricaturas (in)ofensivas de Maomé, achei que devia opinar. Uma vez toda a gente divulga opiniões, crenças, argumentos (mais ou menos) fundamentados, (mais ou menos) aceitáveis, (mais ou menos) politicamente (in)correctos… Porque que não eu?

Não interessa muito que a minha opinião seja pouco fundamentada e pensada “sobre o joelho”!!! O que é que eu acho disto?

No caso da irmã Lúcia, o showbiz sobrepôs-se um pouco à religião. Independentemente da legitimidade da transladação, não seria necessária uma transmissão simultânea (a triplicar!) numa guerra das audiências! (A propósito, viva a 2:!) Como costumo dizer, a Fé é diferente da crendice. Respeito a Fé mas abomino a crendice. Não gosto do lirismo religioso, recheado de coincidências incríveis, de quase milagres… O (pouco) que vi no Domingo, atirava para uma mistura pouco equilibrada de crendice e fé – por esta ordem.

O caso das caricaturas é muito complexo. Liberdade de expressão VS respeito pelo outro. E aqui não sei que posição tomar. Por um lado posso questionar-me sobre o que é essa tal liberdade de expressão. Acaba onde começa o respeito pelo outro? Ou o respeito pelo outro implica que esse outro respeite a caricatura que foi feita? Ou quem faz a caricatura tem que meditar primeiro sobre a reacção (até certo ponto previsível) de um grupo religioso que pode, inclusivamente, não ser um retrato fiel dessa mesma religião? E que respeito têm estes outros, que clamam por respeito, ao insinuar que o Holocausto não existiu (como fez o presidente do Irão)? Como respeitar quem, em sinal de indignação pela falta de respeito, desrespeita instituições ou valores fundamentais como a vida humana?

Sou pró-respeito. Desde que isso não se confunda com fanatismo. Sou religiosamente tolerante. Desde que não me “vendam” uma religião com certa.

Espero que as pessoas se respeitem. Espero ser respeitada. Espero saber respeitar (coisa que me parece cada vez mais complexa)…
posted by mrafiki às 19:35
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito
Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2006

Pedaços de ser ... uma introdução

Porque a minha escrita ainda não é (nem será) tão boa como a dos nossos grandes escritores, este blog inicia-se com Eugénio de Andrade:

"Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua."

Para escrever sobre pensamentos, palavras, ditos, ideias, expressões, lembranças, reflexões, comentários fica aqui este blog.
Não pretende ser criativo, original ou descobrir novas ideias… Almeja ser um instrumento de partilha de inquietações, de pedaços de ser dispersos que aqui se fundem.
Sei que não muda o mundo... mas gostaria de partilhar convosco, para que o seu lume não se extinga. Para que eu não me extinga. Para deixar um pedaço de mim por aqui...
posted by mrafiki às 22:51
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

.pedaços de mim

.pesquisar

 

.Janeiro 2007

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
13
14
15
16
17
18
19
20
21
23
24
25
26
27
28
29
30
31

.posts recentes

. Volenti non fit injuria

. De súbito….

. Natalices...

. Diferenças

. Egos...

. Neuras de domingo...

. The coming back

. Coimbra

. Porque há pessoas que nun...

. Portugal,Portugueses

.arquivos

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Abril 2006

. Março 2006

. Fevereiro 2006

SAPO Blogs

.subscrever feeds